quinta-feira, 15 de março de 2012

Krisiun: "Se o Metal morreu, esqueceram de nos avisar"

Daniel Tülher conduziu uma entrevista com o vocalista/baixista da banda Krisiun, Alex Camargo, após a apresentação do grupo realizada em 07 de janeiro, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Confira abaixo:

Grande Alex Camargo! Tudo bem? Primeiramente, fale um pouco sobre o novo álbum "The Great Execution", que acabou de sair do forno no final de 2011.

Tudo certo! O álbum foi lançado a alguns meses, fizemos uma extensa tour pela Europa e agora vamos para os EUA e Canadá.  A receptividade esta sendo muito boa, melhor do que esperávamos. Ficamos muito satisfeitos com o álbum em geral, principalmente com as músicas e a sonoridade que ficaram bem naturais e pesadas ao mesmo tempo.

Como está sendo a turnê e como foi o show em Belo Horizonte?

Como falei, fizemos uma extensa tour pela Europa com o Malevolent Creation e Vital Remains. A tour foi maravilhosa apesar do frio intenso.Foi a primeira vez que uma banda da América do Sul foi a headliner, tendo bandas americanas de renome participando. Mantivemos uma média de público muito boa, foram 34 shows no total , alguns dos shows foram memoráveis.O show de BH foi muito bom também,apesar dos problemas que todos estavam enfrentando com a chuva. Tivemos uma boa presença de público, BH é uma das poucas cidades brasileiras que mantém a essência do Metal viva.

Como o novo álbum está sendo recebido pela crítica especializada?

Está indo muito bem.Ficamos entre os 50 melhores álbuns de 2011 pela revista Rock Hard da Alemanha, se considerarmos a enxurrada de lançamentos e por se tratar de um álbum de Death Metal.Estamos muito satisfeitos com a reação do público e os resultados.

Vejo uma evolução muito boa a cada álbum que o Krisiun lança. O que podemos esperar dos próximos álbuns?

Bom,vamos estar sempre tentando buscar a evolução da nossa música, sem deixar de tocar o que gostamos.O Krisiun é prioridade para nós,por isso a dedicação e o comprometimento com o estilo.Enquanto muitas bandas  permanecem sem sair da sua  ''zona de conforto'',sem inovar,o Krisiun estará sempre buscando nosso próprio som e identidade,não faz sentido ficar repetindo as mesmas fórmulas dos álbuns anteriores.

O Krisiun é apenas você e seus irmãos Max e Moyses. Muito bacana e é raro ver isso. Como é a convivência entre vocês?

Tem os dois lados da moeda,o de família de sermos três irmãos,e tem o lado profissional.Tentamos não misturar os dois,mas um acaba influenciando o outro.Como qualquer irmão ,temos bons e maus momentos na convivência. Falamos a verdade um para o outro mesmo que isso possa incomodar.Mas sabemos que podemos contar um com o outro,seja qual for o problema.Acredito também que o fato de sermos unidos e estarmos juntos a tanto tempo,facilita o lado profissional,principalmente na construção ou execução das músicas.

O Krisiun já foi um quarteto até o "Unmerciful Order". Qual o motivo do retorno à formação power trio a partir do "Black Force Domain"?

No começo, tínhamos a intenção de termos um segundo guitarrista,mas não conseguimos um bom entrosamento,então fomos ensaiando como trio e se adaptando como tal,as coisas foram fluindo assim e fomos nos sentindo cada vez mais a vontade como trio,além do desafiode sermos apenas três e tocar tão alto e pesado como qualquer outra banda.


Você, assim como Cronos (Venom), Schmier (Destruction), David Vincent (Morbid Angel), entre outros, toca baixo e canta. Quais são as suas influências no vocal e no baixo?

Esses três que você citou são uma clara influência pra mim,principalmente porque o baixo está sempre presente no som ao vivo .O baixo sempre foi tratado como um instrumento secundario no Metal mais extremo,principalmente porque a maioria das bandas tem 2 guitarras.No nosso caso, tenho que estar sempre presente e conectado com a banda o tempo todo.

Qual o disco de Metal que mais lhe marcou?


Foram tantos, mas vou citar dois:  "Reing In Blood" do Slayer ,e  "Schizophrenia" do Sepultura.

Tem algum ídolo na música?

Tenho alguns, como Lemmy,Bon Scott,Jimi Hendrix ,Billy Gibbons e entre outros.

Dê alguns conselhos para quem pretende formar uma banda de Metal Extremo hoje.

É difícil dar conselhos sobre como proceder nesse caminho.Acredito que gostar do que se faz é a principal  motivação,tocar com vontade e pegada,não levar em conta os comentários negativos,acreditar em si próprio e na sua capacidade.

O que você acha sobre o download de músicas?

Não apoio o download ilegal,gratuito...Existem maneiras de baixar músicas e pagar pelo conteúdo.Seria o mínimo,mas baixar música ilegalmente,apenas torna as coisas mais difíceis no geral.Se eu gosto de um CD de alguma banda,vou comprar o CD, ou no mínimo, pagar pelo download.

Qual  a sua opinião sobre gêneros como White Metal e Nu Metal?

White Metal para mim é uma farsa, é decadente.Os ''carneiros'' que seguem os dogmas de suas religiões não estão aptos a ouvir Metal de verdade.Se você acredita nas besteiras que eles pregam,você  não pode ouvir nada,nem mesmo Black Sabbath ou AC/DC.Também não gosto de Nu Metal.


O que tem ouvido ultimamente?

Nada de muito novo,mas os clássicos de sempre.Dos lançamentos mais recentes gostei do ultimo do Destruction,"Day Of Reckoning",e do último do Motörhead. Sempre foda e cortante.


Qual sua opinião sobre a legalização da maconha?

Seria algo positivo para o nosso país,no meu ponto de vista. As pessoas discriminam sem saber do que se trata,existem drogas muito piores legalizadas e em circulação. Infelizmente, o Brasil não tem estrutura e mentalidade para tal acontecimento.A palavra certa,na minha opinião,não seria legalizar,mas regulamentar entre os usuários. Se os usuários tivessem o direito de cultivar ,com certeza seria uma grande baixa na criminalidade.

O que você mais sente falta da época em que começou?

Acho que a espontaniedade da época,de alguns amigos e das farras. Estávamos sempre felizes mesmo em momentos difíceis e de dureza.Tocávamos em buracos sem as mínimas condições...não que eu sinta falta,mas foi uma época muito importante e de aprendizado.


O que você tem a dizer sobre as declarações feitas por algumas pessoas da cena Metal, dizendo que no Brasil o Metal está quase morto?

Eu acredito que pode melhorar e muito. Mas falar que o Metal nacional esta morto é uma grande besteira.O povinho que idolatra gringo vai sempre existir, aquele que paga fortunas para ver artistas falidos do exterior para depois falar que foi ao show.Por outro lado, tenho a certeza que o Metal nacional está vivo e forte. Acabamos de gravar mais um álbum que foi lançado no mundo inteiro praticamente. Fizemos uma tour recentemente tendo bandas americanas de renome abrindo os shows para gente,estamos constantemente tocando em diversas partes do mundo inteiro,entre shows fechados e festivais,representando nosso país.Assim como os shows que tivemos feito no Brasil estão indo muito bem,temos um público fiel que sempre nos segue,devemos tudo que conquistamos a eles.Alem do que,hoje vivemos da nossa música,se o Metal morreu,esqueceram de nos avisar.Quem fala uma besteira dessas é porque esta expressando uma frustração pessoal.


Obrigado pela entrevista, desejo que a turnê do "The Great Execution" continue brutal! Mande um recado para os fãs que acompanham a banda!

Muito obrigado Daniel pelo espaço, obrigado também àqueles que apoiam o Metal de uma forma geral,independente de ser daqui ou do exterior.Abraço a todos!


Entrevista por Daniel Tülher

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