Após 5 anos de muito luta, o músico mineiro Guilherme de Alvarenga conseguiu firmar o seu projeto D.A.M com o lançamento de seu primeiro EP, intitulado de "Possessed". Com o intuito de criar um Death Metal Melódico autêntico e bem trabalhado, D.A.M mescla as suas influências de renomadas bandas com as da música erudita, o que, sem dúvidas, resultaria em uma sonoridade única e fenomenal. Sendo assim, a banda garante que está aí para difundir a sua sonoridade juntamente com o seu gênero no cenário brasileiro.
Em entrevista exclusiva ao Wildchild, Guilherme falou a respeito da idealização de seu projeto, os seus desafios e influências, planos futuros e a sua opinião sobre o "MeloDeath" no Brasil.
Quando o D.A.M foi formado e qual foi a sua proposta inicial?
Guilherme: A ideia do que viria a se tornar o D.A.M surgiu em 2009 durante as minhas atividades com a banda Excaliburn. O que eu vinha fazendo com a Excaliburn era misturar as técnicas composicionais que estava estudando no curso de música da Universidade Federal de Ouro Preto(UFOP) com a sonoridade do death metal melódico. Então, o que o D.A.M faz hoje é tocar as músicas compostas naquele período. Acredito que a proposta inicial foi demonstrar a possibilidade do uso das técnicas composicionais provenientes da música erudita, a fim de se criar uma unidade formal e temática entre as músicas, possuindo tais músicas um desenvolvimento individual e outro coletivo( micro e macro forma). A questão que levantei em minha monografia foi justamente se era possível criar tais conexões no contexto do Heavy Metal, e se o uso de tais técnicas iria descaracterizar o gênero (se iria soar menos pesado utilizando de contraponto, por exemplo), e acredito que o resultado foi positivo, pois a obra está conectada como um todo e soa bem Heavy Metal, em minha opinião.
Outro ponto importante abordado nesse trabalho foi que, em geral, quando falamos sobre uma influência de música erudita, nós associamos isso a uma certa sonoridade (temos como referência Malmsteen, Stratovarius, Children of Bodom em seus primeiros trabalhos, por exemplo) , mas a técnica composicional empregada no D.A.M possui uma preocupação maior em como utilizar os elementos do que quais são esses elementos. Com certeza a contribuição desses artistas não é ignorada, mas o que o D.A.M propõem é justamente ir além na influência da música erudita, trabalhar as conexões musicais dentro de uma obra ao invés de apenas utilizar fragmentos de melodias de compositores da música clássica, ou padrões melódicos/harmônicos característicos de um determinado período histórico.
Atualmente, a D.A.M também conta com o Iz Castro (guitarra), Edu Megale (guitarra), Felipe Avelar (baixo) e Kaio César (bateria). Como foi a seleção destes músicos para completar a sua line-up?
Guilherme: Eu selecionei músicos com capacidade para tocar as músicas de maneira consistente, e que eu possuía alguma afinidade.Atualmente, devido à razões profissionais, o Iz não está mais na banda, estamos realizando testes com guitarristas para podermos começar os shows.
Em abril foi lançado o EP de estréia, “Possessed”. Como foi o seu processo de composição?
Guilherme: Como eu disse anteriormente, em 2009, eu estava em atividades com a Excaliburn, e por coincidência, foi o ano que eu vi as disciplinas mais legais na faculdade (Análise musical, Contraponto e Harmonia). Então tudo isso me inspirou bastante e tive uma produção gigantesca nesse ano. Eu fazia vários “possíveis álbuns” para a Excaliburn executar, e sempre pensava nessa idéia de conexões musicais. Como éramos uma banda, nem sempre os pensamentos batiam cem por cento, e como eu queria preservar a unidade musical criada entre as peças, eu preferia não utilizar algumas músicas na Excaliburn. A cada novo conteúdo aprendido na faculdade, eu me desafiava a compor algo na estética do Metal utilizando o que aprendi, e o resultado disso foi o EP "Possessed".
O “Possessed” pode ser considerado como um trabalho conceitual?
Guilherme: O "Possessed" é um álbum conceitual sim, até mesmo pelas conexões musicais feitas entre as 6 canções. Seria incoerente se as letras também não possuíssem uma conexão. A ordem da estória do EP são as faixas 3,1,6,4,5 e 2, e trata sobre um indivíduo comum que poderia ser eu, você ou qualquer um com alguns problemas internos. Alguns eventos ocorrem, e ele sofre uma espécie de iniciação para encontrar as respostas que tanto o atormentam. Essa obra também não está acabada no EP "Possessed", nos próximos álbuns essa estória deve se desenvolver, e as conexões musicais estarão presentes, sobretudo porque boa parte das músicas foi composta em 2009.
Houve dificuldades em sua produção?
Guilherme: Bastante, foi uma tremenda luta fazer sair esse EP, tive que superar a mim mesmo para fazer isso. Devido aos meus compromissos com a faculdade, eu acabei gastando 5 anos para lançar esse EP desde a sua composição. Eu também não possuía dinheiro algum para gravar com qualidade, produzir arte e etc. Em 2011, eu comecei a trabalhar em Belo Horizonte na escola Pro-Music, e no fim do ano, eu consegui me graduar na faculdade. Eu diria que 2012 foi o ano que usei para captar os recursos que permitem o funcionamento do D.A.M hoje em dia. Eu fiz de tudo: dei aula, toquei na noite, tentei ser gamer, mas nada disso me preenchia e eu comecei a me sentir extremamente deprimido e frustrado.
Então, no meio do ano eu decidi que iria gravar, seria um tudo ou nada, eu tinha esse compromisso comigo mesmo e iria lamentar se nunca tivesse tentado, pois realizar o que faço no D.A.M é o que me realiza no nível mais profundo do meu ser. Eu fiquei bastante tempo sem cantar e isso dificultou bastante a gravação dos vocais, houve atrasos na gravação das guitarras e do baixo onde tive que ser extremamente paciente e perseverante para concluir o processo. Por sorte conheci o Vincenzo, que deu um novo ânimo no trabalho, pois com o talento dele eu sabia que terminando a gravação ficaria extremamente profissional. Terminei de gravar tudo em fevereiro, e o Vincenzo mixou tudo em março desse ano. Revendo todo o processo e as dificuldades que enfrentei, sinto-me orgulhoso de ter realizado algo que me deixa tão feliz.
De acordo com o seu ponto de vista, como tem sido a recepção do público e mídia pelo “Possessed”?
Guilherme: A galera que escuta as músicas elogia bastante e tivemos dois reviews extremamente positivos: um 9,0 pelo The Metal Temple, um site estrangeiro com mais de 10 anos de experiência, e um 10,0 pelo querido Blog Wildchild, que mostra bastante competência desde 2010. Então acho que a recepção tem sido positiva sim. Nosso soundcloud mostra pessoas do mundo inteiro escutando o D.A.M, e isso me deixa muito contente, pois muitas pessoas gentis têm dado muitas palavras de incentivo para o nosso trabalho.Entretanto isso não é razão para nos acomodarmos, temos planos para fazer, com que as músicas cheguem a cada vez mais Headbangers, o que não é tão fácil quanto parece. Acredito que quando começarmos os shows isso será mais fácil, pois poderemos interagir diretamente com a galera.
Ao longo do trabalho, é possível identificar uma sonoridade semelhante ao do Metal finlandês. Mais especificamente, influências das bandas Children Of Bodom e Kalmah, por exemplo. Então, podemos afirmar que o Metal escandinavo é a sua principal influência? Este tipo de comparação gera algum incômodo?
Guilherme: Você citou duas bandas que eu admiro bastante, e durante a minha “saga musical” ao longo dos anos de tudo que aprendi, acho que as bandas que mais toquei e mais escutei foram bandas da Finlândia. Então essa influência é muito forte sim em termos de sonoridade, eu diria. Não me incomoda de forma alguma, é até gratificante quando as pessoas te comparam e te colocam no mesmo nível dessas bandas. Entretanto, somos diferentes delas também, pois possuímos características pessoais.
Em sua opinião, o que diferencia o som da D.A.M do restante das bandas do mesmo gênero?
Guilherme: Sonoramente, eu acredito que seja a fusão entre as diversas estéticas de Heavy Metal. Você escuta numa mesma música elementos de Black Metal misturados com Power metal, solos de teclado em meio a um instrumental mais Death Metal, dentre outros. Nosso maior diferencial, em minha humilde opinião, entretanto, é o uso das técnicas que mencionei anteriormente, isso confere uma outra abordagem em relação ao Heavy Metal, e muda um pouco o modo de como você apresenta o discurso musical nessa estética. Claro que não é uma coisa que vá ser percebida porque é uma linguagem demasiadamente técnica.
Entretanto, eu acredito que as pessoas com seus corações de alguma forma sintam essas conexões, até mesmo em um nível subconsciente. Inclusive, se pararmos para pensar no conceito da banda e do que as letras falam, a questão do oculto, do místico, do que está vendado para nossos olhos, isso tudo combina perfeitamente com esses “segredos musicais”, e acredito que seria legal a galera que escuta, mesmo sem conhecimento musical, começasse a identificar de ouvido mesmo, como “olha aquele trechinho da música X parece com o da música Y”, e por aí vai.
O gênero Melodic Death Metal ainda não é muito difundido pelo Brasil, ao contrário de outros estilos, como, por exemplo, o Thrash e Death Metal. Em sua opinião, você encara este fato como um desafio para firmar o D.A.M no cenário nacional?
Guilherme: Não, de forma alguma. Acredito que isso seja um diferencial para nós! O Brasil, até onde eu sei, não possui uma banda de Death Metal Melódico conhecida em nível internacional ,ou que seja considerada um ícone do estilo. Sendo assim, estamos trabalhando duro para nos firmarmos nesse cenário, justamente para fazer com que o estilo cresça e possamos nos destacar. Possuímos boas bandas no estilo, como Zilla do Distrito Federal, Spreading Hate de São Paulo, e o Veuliah na Bahia a título de exemplo. E se de alguma forma pudermos contribuir para que o cenário fique bacana para todos nós, assim o faremos.
Isso envolve muito trabalho e dedicação, e estamos nos esforçando ao máximo para fazer jus à expectativa que estamos gerando no cenário, e embora o Brasil seja famoso por exportar excelentes bandas de Thrash e de Death Metal, quando um trabalho é feito com seriedade e dedicação, o resultado é boa música e a galera Headbanger curte música boa acima de rótulos! Outro ponto importante que vejo reside no fato que há muitas pessoas se esquecendo que o headbanger é um ser humano comum como qualquer outro, e que todo mundo quer na verdade é se divertir, curtir um som bacana,tomar uns gorós, dar uns socos no mosh, e estilos mais extremos permitem essa diversão mais naturalmente. Como possuímos influências desses estilos e procuramos nos divertir bastante, a galera sente isso intuitivamente e acaba curtindo.
Já que o EP de estréia foi lançado recentemente, é possível prever o lançamento de seu primeiro álbum?
Guilherme: Sim, meus planos são de lançar um álbum com 12 músicas em outubro desse ano, e um single com umas 3 músicas por volta de agosto ou julho, tudo vai depender da conclusão de tarefas, como elaboração da arte. As gravações começam agora em maio.
O processo de produção e a sonoridade de seu debut seguirão a mesma linha do EP?
Guilherme: Sim e não (risos). Você escutará as músicas e irá falar: “hey! isso é D.A.M”. Mas a abordagem é um pouco diferente. O álbum possuirá músicas da Excaliburn, e o single possui uma estória paralela para a canção “Save Me From Myself!!!”. As músicas do álbum foram feitas em 2009 com pequenas revisões esse ano, já as outras duas músicas do single foram feitas em 2013. Em 5 anos você aprende muito de música e adquire várias novas influências, e acredito que será perceptível essa diferença no single. Já o álbum, pela questão temática da Excaliburn, ele soa meio folk e épico. A única coisa que posso garantir é que será Death Metal Melódico com técnicas composicionais da música erudita.
Quem vai mixar e masterizar será o Vincenzo novamente, mas quem gravará as guitarras e o baixo dessa vez será o Edu Megale, ao invés do Iz Castro. Eu continuo a cantar e a tocar teclado, e vou testar umas coisas diferentes no vocal também!
Para finalizar, quando podemos esperar o show de estréia da banda?
Guilherme: No momento não temos datas agendadas, mas acredito que o primeiro show vá de fato ocorrer apenas após o lançamento do single. Pois nosso EP possui apenas meia hora de duração, é um tempo curto de show, e não temos intenção alguma de tocar covers!
Muito obrigado pela entrevista, e agora deixo o espaço para você!
Guilherme: Eu que agradeço pela entrevista, me diverti a beça respondendo! Agradeço ao blog Wildchild e a toda força que você (Gisela) tem dado para a banda ! Para a galera que tem curtido o D.A.M e nos dado apoio: aguarde novidades, pessoal! O single vai quebrar pescoços e em alguns meses começaremos a fazer shows para compactuarmos todos juntos \m/.
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