sexta-feira, 20 de junho de 2014

Aorta: a introversão do Depressive/Suicidal Black Metal



Formado por Klaus Hanke e H.Doomed, o Aorta é um projeto de Depressive/Suicidal Black Metal brasileiro. Com seu som atmosférico e letras reflexivas, o Aorta lançou o seu primeiro álbum, "TPOMA", este ano, o qual tem recebido uma boa recepção, e promete chamar ainda mais a atenção. 

Em entrevista ao Wildchild, os dois músicos que compõe o projeto falaram mais sobre a sua ideia inicial, o seu novo álbum, e toda a essência que envolve o seu gênero. A entrevista na íntegra pode ser conferida a seguir.  

Wildchild: Como surgiu a ideia de formar um projeto de Depressive/Suicidal Black Metal? Qual foi sua proposta inicial?

Klaus Hanke: Quando eu criei o Aorta, eu estava vendo um dos meus melhores amigos em provavelmente seu pior momento, e então eu decidi que eu deveria criar esse projeto até porque eu também não estava em um momento fácil e foi a forma mais simples possível de jogar todo o sentimento pra fora e esse amigo é o H.Doomed que é o outro membro do projeto.

Wildchild: Quais são suas principais influências? Há bandas brasileiras do mesmo gênero que também servem de inspiração a vocês? 

Klaus Hanke: As minhas influências são Perventor, Sopor Aeternus, Deathrow e Draugadróttinn

H.Doomed: Minhas influências dentro do gênero o qual fazemos parte e também algumas de fora incluem: Woods of Desolation, Herbstregen, Heimleiden, Austere, Inferi, Psychonaut 4, Werdvenus além de uma forte inspiração em Nocturnal Depression.  Dentro do Brasil, apesar de termos uma cena infestada de bandas inúteis, sigo bem de perto as carreiras de Thy Light, Absent Heat e Drowing In Sorrow que demonstram de forma magnifica e únicos sentimentos negativos em forma de notas musicais.


Wildchild: Vocês lançaram o seu primeiro álbum, “TPOMA”. Qual o significado desta sigla? 

Klaus Hanke: TPOMA significa “The Poem of My Abyss”, o álbum é completamente montado, ele funciona como se fosse um diário que conta a história de uma pessoa viciada em Heroína e Cocaína e começa a ter um distúrbio mental e conversar com a própria mente.

Wildchild: Mesmo se tratando de um projeto brasileiro, as letras de algumas músicas estão em alemão - assim como o nome dos integrantes da banda. De onde veio a ideia de usar a língua alemã? 

Klaus Hanke: Eu sou viciado nesse país magnífico que é a Alemanha, e o nome Klaus Hanke veio da junção dos marcantes nomes “Nikolaus 'Klaus' Barbie que foi um oficial da SS e que ficou conhecido pela brutalidade com que torturava os seus prisioneiros e isso rendeu o apelido de o açougueiro de Lyon e o Hanke veio do nome Karl August Hanke que foi um fanático político alemão que impressionava Hitler pelo seu apoio ao partido nazista e ele conseguiu ganhar o premio da Ordem Germânica.
Eu escolhi esses dois ícones não pelo fato de ter algo ligado com o nazismo, mas eu peguei toda a dor das vítimas de Klaus que eu coloco no vocal e todo o fanatismo de Hanke que representa o amor pela solidão.

H.Doomed : Sim, significa senhor condenado que mais do que um simples nome exemplifica um pouco da minha visão de mundo, todos somos condenados.

Wildchild: A produção foi totalmente caseira, e ela ficou a cargo de vocês. Por que vocês optaram por isto?

H.Doomed : O toque rude/grosseiro é na produção de nossas músicas uma forma de machucar quem ouve,  de modo que quem aprecia a música se pergunte o porquê dos vários elementos “mal lapidados” por assim se dizer,  e no final dessa experiência penso que ele encontrará muito de sua vida nas nossas músicas, então é uma proposta de introversão.

Wildchild: Houve dificuldades ao produzir o álbum? 

H.Doomed:  Creio que todas as bandas do gênero enfrentam dificuldades durante a gravação, edição e divulgação dos seus álbuns e conosco não foi diferente, mas felizmente conseguimos lança-lo através de um dos maiores selos de DSBM, o Depressive Illusions da Ucrânia.

Wildchild: Em sua opinião, como tem sido a recepção do “TPOMA” pelo público?

Klaus Hanke: É bem difícil uma banda de DSBM conseguir vender e ganhar muito dinheiro, fazer show em estádio lotado, mas está ótima, quem parou pra ouvir gostou.



Wildchild: Observa-se que não há muitas bandas brasileiras de Depressive e Suicidal Black Metal pelo Brasil. Como você avalia isto? 

H.Doomed:  A verdade é que há mais bandas de DSBM no Brasil do que deveria. Deixe-me explicar isso, não digo com a mínima intenção de parecer “verdadeiro” (E condeno veementemente esse tipo de comportamento) mas o que eu vejo hoje na cena brasileira de depressive black metal é altissimamente vergonhoso, vejo o real foco do gênero se distanciado do que grande parte das bandas aborda. Bandas como Funesto, Wolf Krieger, Inverno Suicida, In Hora de Mortis Meae entre outras com uma imensa crise de identidade, ora abordando temáticas líricas non sense para o depressive black metal, ora divulgando sua imagem como bandas de black metal tradicional (E haja vista aqui que não sou contra o black metal tradicional, e não teria como ser tratando-se da raiz do gênero que tocamos), ora se declarando contra uma crença religiosa, política e etc  tentando regrar o gênero através de suas próprias convicções e isso tem tomado níveis alarmantes à tal ponto de se tornar uma tendência e para mim o black metal como um todo é algo contrário à qualquer tendência e mais especificamente o DSBM representa a negação  de qualquer obrigação, foda-se se fulano ou ciclano é de religião X ou Y, DSBM envolve introversão antes de tudo, você e seus sentimentos e a introversão como tentativa de achar alguma verdade na nossa realidade.

Wildchild: Quais são os seus próximos planos para ainda este ano? 

Klaus Hanke: O Aorta agora está focado em criar um novo álbum, álbum que ainda não tem data para ser lançado, porem, já tem duas músicas prontas,e bem diferente do primeiro, o segundo álbum tem um foco na melancolia e dor e não em uma história fechada.

Wildchild: Muito obrigado pela entrevista! Agora deixo o espaço com você!

Klaus Hanke: Eu que agradeço pela incrível entrevista, agradeço a banda Perventor pelo apoio e os sites de Metal que estão sempre apoiando o lado mais underground, muito obrigado pela entrevista.


Confira mais sobre o Aorta em: 




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